domingo, 31 de outubro de 2010

Crackers invadem sites oficiais de presidenciáveis

Há um tempo venho querendo escrever um post sobre os ataques feitos por crackers aos sites oficiais dos candidatos à presidência Dilma Rousseff e José Serra , mas como pouca coisa relacionada ao assunto tinha sido divulgada na internet até então, optei por esperar um pouco mais para poder conflitar as diversas informações.

Em primeiro lugar, é necessário falar que a minha espera não ajudou em muita coisa. A maioria das matérias publicadas na internet diziam a mesma coisa - aquele texto tipo release - e nada trazia de novo, de opinativo. Isso me fez lembrar da aula "Tecnologias aplicadas ao Jornalismo" ministrada por Fernando Firmino, professor da Universidade Estadual da Paraíba e pesquisador de Jornalismo Online, na disciplina COM104. Ele dizia que o papel do jornalismo deve ser questionado hoje em dia; o caráter informativo e factual não basta mais, pois a nova demanda da sociedade complexa em que vivemos é a circulação de matérias opinativas e interpretativas que possam contextualizar a notícia e dar ao leitor pistas para que ele perceba a relevância, a atualiadade e a confiabilidade daquela informação. Infelizmente, não são casos como esse que costumamos ver na rede...

Durante a apuração de votos, na noite do Domingo do segundo turno (31 de Outubro), o site oficial do candidato José Serra (PSDB) voltou a ser alvo de ataques virtuais.


Em vez das mensagens pró-Serra e anti-Dilma de praxe, o site Serra 45 apareceu com a foto de Mr. Burns, o velhinho impiedoso de "Os Simpsons", personagem ao qual o candidato era frequentemente associado.

O mais curioso, contudo, era fotomontagem com o presidente Lula e o governador reeleito do Rio, Sérgio Cabral.A imagem mostra o presidente Lula com uma arma apontada para a boca do governador e emitindo a seguinte frase "Abra a boca e diga Dilma". Apesar de ser aliado da chapa dilmista, Cabral aparecia como alguém que recebia "goela abaixo" a nova ocupante do Planalto e, por isso, a referência mostrada na fotomontagem.

Por volta das 20h, o site havia voltado ao normal, mas o acesso continuava instável.

Algo parecido já havia ocorrido com o site oficial do PT, em abril. Na página principal do site, colocaram uma foto de José Serra, na época pré-candidato do PSDB à presidência, com as frases "O Brasil pode mais" e "PSDB Hackers". A primeira frase foi também o slogan e o nome da coligação do partido durante a campanha presidencial. Além disso, os internautas que acessassem o site através de outros navegadores que não o Internet Explorer, eram direcionado à página do site tucano. Segundo o deputado André Vargas (PT-PR), secretário de comunicação do PT, mesmo não tendo sido o PSDB, é óbvio que foi um simpatizante da causa do partido e, segundo ele, essa postura foi estimulada "por um tom virulento de campanha".

Toda essa discussão me leva a pensar novamente no que foi dito aqui no post "Um segundo turno de segunda categoria" e também me faz lembrar das discussões feitas em sala acerca da improbabilidade de comunicação. Na disputa política, vemos e ouvimos discursos e promessas que revelam a complexidade do mundo altamente codificado no qual vivemos. E se pensamos que a criação de novos códigos nos levam necessariamente a uma melhor compreensão do que é a comunicação e de qual é o nosso lugar no mundo, é chegada a hora de ponderarmos essa posição cômoda e começarmos a pensar que comunicar é realmente improvável. Muitas vezes, e isso fica evidente na disputa política, não estamos dispostos a entrar na orquestra, a ouvir o outro e poder questionar aquilo que ele diz; estamos muito mais preocupados em simplesmente impor nossas opiniões aos outros.


sábado, 30 de outubro de 2010

Um segundo turno de segunda categoria

Durante o segundo turno das eleições presidenciais, muito se ouviu e se viu na internet sobre os candidatos José Serra e Dilma Rousseff. E no grosso de todo o material que foi veiculado durante este quase um mês de campanha, o que mais chamou a atenção de muitos dos internautas foi a quantidade de calúnias e difamações entre os dois candidatos através, principalmente, das correntes de e-mail. Essa correntes, que funcionam como spams, trouxeram muitas informações maniqueístas e falsas.
A maioria dos e-mails que recebi, por exemplo, eram pró-Serra e sempre ratificavam a idéia de que a candidata Dilma Rousseff é inexperiente e ditadora (fazendo, inclusive, uma comparação imagética esdrúxula com o presidente cubano, Fidel Castro).


E, como em toda boa corrente (supondo que essa expressão não chega a formar um oxímoro), sempre vinha a bula com as indicações de leitura iniciais: "Se você é patriota mesmo, leia o e-mail até o fim".

Considero ser lamentável que em pleno debate político estejamos vendo factóides tomarem tempo e conta das questões sérias e estruturais que o país enfrenta. Por isso e porque achei duas entrevistas com os coordenadores das campanhas de ambos os candidatos na web - Marcelo Branco, assessor de Dilma, e Soninha Francine, assessora de Serra - a BBC Brasil, nas quais eles falavam justamente sobre baixarias e contracampanha na internet, que fiz esse pequeno comentário e que sugiro a vocês que leiam as duas entrevistas na íntegra: aqui e aqui.

domingo, 17 de outubro de 2010

As redes sociais não podem mudar uma eleição, ainda.

De acordo com o cientista político Cláudio Couto, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o uso das redes sociais nas campanhas dos candidatos ainda não é capaz de alterar o resultado das eleições. Em entrevista concedida ao portal UOL (link), Couto afirma que, apesar do crescimento de usuários, o número de pessoas excluídas da internet, e também das redes sociais, ainda é muito grande. A outra parcela, de pessoas conectadas, não toma suas decisões com base apenas nas informações vindas das redes sociais, mas com base em um conjunto de debates, no qual estão incluídos, dentre outros, os virtuais.

Embora seja um fenômeno emergente, o alcance das redes sociais no Brasil ainda é limitado, ainda mais levando-se em conta ser a primeira eleição de grande porte (leia-se presidencial, além das demais) depois do boom dessas comunidades no país, e principalmente depois da popularização do Twitter, a rede mais “politizada” e dinâmica do cenário interneteiro.

Se essas redes não podem mudar – por enquanto – o resultado de uma eleição, podem pelo menos criar “ondas” que surpreendam o cenário político. Houve uma grande difusão de mensagens no Orkut e via email que associavam a candidata a presidência do PT, Dilma Roussef, à legalização do aborto. O impacto foi tamanho que há quem diga que foi esse o motivo da petista não levar a vitória já no 1º turno.

Mas o exemplo emblemático do poder das redes foi a “onda verde” de Marina Silva, candidata à presidência pelo Partido Verde (PV). Com uma ascensão meteórica na última semana antes do 1º turno, Marina Silva, que obteve quase 20% dos votos, recebeu forte apoio na internet, principalmente de jovens no Facebook e no Twitter. E é só o começo, pois essas redes crescerão. E esses jovens também.


Fontes:

http://noticias.uol.com.br/ultnot/multi/?hashId=analise-redes-sociais-nao-sao-capazes-de-mudar-uma-eleicao-04029B3568DCC973C6&mediaId=6797457

http://noticias.bol.uol.com.br/folhaonline/poder/2010/10/05/na-reta-decisiva-internet-parece-ter-produzido-ruido-eleitoral.jhtm

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

#diadascrianças

É só aproximar-se o dia das crianças e todos os twitteiros já aguardam a mudança dos avatares dos amigos. São fotos antigas, amareladas, em preto e branco, ao lado de alguém que não mais se vê devido ao corte abrupto no paint, enfim várias são as possibilidades de mostrar-se pequenino numa das redes sociais mais usadas no Brasil. E não é que os presidenciáveis aderiram ao #diadascrianças feelings?

Ontem, José serra trocou seu avatar, mas não fez nenhum comentário acerca da mudança, nem sobre o dia das crianças. A candidata Dilma Rousseff, apesar de ter saído um pouco atrasada na "corrida", publicou um tweet no qual falava: "Mudei minha foto para entrar no clima do dia das crianças". A candidata também divulgou hoje uma ação no Twitter. A "Homenagem às crianças" é uma ação colaborativa, na qual cada internauta poderá enviar fotos de quando criança, ou fotos de crianças da família, preencher alguns campos de um pequeno formulário e escrever uma mensagem no site

Agora só nos resta esperar ansiosamente, como toda criança, que homenagem será essa...

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Marina no Orkut




A candidata Marina Silva obteve aproximadamente 20% dos votos nas eleições de 2010. O resultado é considerado muito bom pelos membros do Partido Verde. O candidato Fábio Feldmann, derrotado ao governo de São Paulo, afirmou que“os números são melhores do que o esperado pela campanha”. Este expressivo resultado tem grande influência do marketing digital, o que atraiu principalmente jovens a aderirem às idéias de Marina. E uma das ferramentas mais utilizadas pela campanha da candidata na internet foi o Orkut. O chamado “Movimento Marina Silva” viu no Orkut um de seus pontos mais fortes, afinal esta é uma das redes sociais mais utilizadas pelos brasileiros. O número de usuários já chega aos 52 milhões.

O “Aplicativo da Marina” foi uma maneira que a campanha da candidata encontrou para atrair seguidores para o movimento. Este aplicativo contém o slogan da campanha e uma frase: “Eu voto em Marina”. Com ele, o usuário pode compartilhar informações relativas à campanha da candidata e compartilhá-las com outros usuários, além de poder convidar novas pessoas a participar. Outra forma de conseguir seguidores no Orkut foi a utilização do “Este é mais um Orkut da Marina”. Neste aplicativo, o usuário adere à uma imagem padrão e utiliza esta mesma frase como nome em seu perfil. “Esta é mais uma casa de Marina” foi mais uma maneira buscada pelo marketing da candidata para atrair seguidores. Neste movimento, o indivíduo entra no site da candidata e inscreve seu imóvel, que logo é inserido em um mapa, que demonstra todos os adeptos da Casa de Marina. Casa inscrita, o seguidor pode começar a colar cartazes, colocar placas em sua casa, tudo com o slogan de Marina.


Se o Orkut foi decisivo para o resultado, não sabemos. Mas o fato é que esta rede social de utilização massiva foi muito acionada pela campanha da candidata e conseguiu atrair um bom número de seguidores em suas comunidades e de utilizadores dos aplicativos da Marina. Se, de fato, isto foi decisivo para o resultado, então estamos caminhando para uma nova era do marketing político na internet.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Plínio pede ajuda aos internautas

Com mais de 51 mil seguidores, o ex-candidato à presidência da república, Plínio de Arruda, utiliza o Twitter como uma das principais ferramentas para falar diretamente com pessoas filiadas ao partido PSOL e com o eleitorado brasileiro que tem acesso à internet. Durante o período em que ainda estava na candidatura, era através da rede que Plínio apresentava propostas, respondia perguntas, informava sua agenda, entre outros. E foi justamente no Twitter que Plínio anunciou, no dia 03 outubro, que aceitava sugestões dos internautas para decidir quem irá apoiar no segundo turno.

Em maio, muito antes das eleições,o ex-candidato afirmou em uma entrevista para a ParanáOnline que, naquele período, seria inadmissível apoiar Dilma Rouseff ou José Serra, o que tornaria nulo o voto do PSOL. "No segundo turno real, a gente vai ver. Por isso é importante termos vários candidatos, porque, no primeiro turno, você vota com sua consciência e, no segundo, faz a acomodação, do mal menor. Senão, nós votaríamos sempre no mal menor", completa. Todavia, Plínio decidiu compartilhar a responsabilidade de decisão do apoio com seus eleitores por "respeito", como ele mesmo afirmou ontem, via Twitter:



Apesar de ter anunciado que a decisão seria dada em dois dias, ou seja, hoje, Plínio ainda não manifestou o seu apoio à nenhum dos atuais candidatos. Apenas na manhã de ontem, foi informado que 17 eleitores sugeriram apoio à Dilma Roussef, 11 sugeriram apoio à José Serra e 26 pessoas sugeriram que o partido não apoiasse nenhum dos dois candidatos.

Confira mais alguns twittes relacionados ao tema:



Fontes:

domingo, 3 de outubro de 2010

Arrocha, samba e fantoches na propaganda política baiana

A popularização de propagandas eleitorais, na internet, através da exploração de produtos familiares ao público baiano

A televisão, considerada o maior meio de propaganda eleitoral, tem concorrido com uma adversária de peso: a internet. Ainda que não possua impacto semelhante, já que é menos centralizada e não atinge o mesmo número de pessoas, ela possibilitou a construção de novas estratégias de marketing político digital que, por sinal, obtiveram grande sucesso.

Os profissionais responsáveis pela campanha eleitoral dos candidatos que disputaram o governo baiano, por exemplo, se apropriaram de produtos que fazem sucesso no estado e as incorporaram às campanhas, principalmente na internet.

Os marqueteiros da candidatura de Jacques Wagner (PT), por exemplo, incorporaram o sucesso que o arrocha tem no estado e inseriram o ritmo em um clip eleitoral que cutuca os adversários. A propaganda do candidato petista, além de mostrar o clip, pedia que os telespectadores acessassem o youtube para acompanhá-lo na íntegra, buscando sua popularização.




Do mesmo modo, o candidato Geddel Vieira Lima (PMDB) aproveitou-se de um vídeo postado na internet que critica, através de um samba, os gastos com propaganda do governo e, apesar de não mostrá-lo em seu programa eleitoral, já que não foi produzido por sua campanha, pede que os telespectadores o assistam no youtube.



Os marqueteiros dos dois candidatos citados anteriormente incorporaram, ainda, a estrutura dos desenhos animados e as inseriram, também, nas propagandas eleitorais. O candidato Jacques Wagner usou a internet para divulgar uma animação em 3D em que aparece com Lula e Dilma para fortalecer a ideia de que são irmãos de fé e de que, juntos, são mais fortes.



Geddel Vieira Lima, do mesmo modo, usou a estrutura do teatro de fantoches aliada à uma animação musical para criticar os gastos do atual governo com propaganda. Os vídeos produzidos para sua campanha foram vistos no horário eleitoral gratuito, na TV, e popularizados na internet.



Em suma, apesar de a televisão ser, ainda, o instrumento eleitoral de maior impacto, já que é o mais centralizado e atinge o maior número de pessoas, a internet tem se mostrado muito mais aberta a novas estruturas de narração propagandista. A popularização dos vídeos na internet tem levado os marqueteiros a investirem em novas formas de abordagem, buscando a familiaridade do público com os candidatos.

Com a reeleição de Wagner, hoje (03-10), o arrocha petista mostrou-se muito mais familiar do que o samba peemedebista.





sábado, 2 de outubro de 2010

Um balanço da primeira campanha eleitoral on line para presidenciáveis no Brasil


Muitos dos políticos que utilizaram a internet para fazer suas campanhas eleitorais, e mais especificamente, as redes sociais, não souberam encontrar a medida exata para sobreviver on line. Para alguns especialistas, ainda é cedo para afirmar se o marketing político digital e os contornos que ele adquiriu no Brasil foram realmente efetivos para emplacar candidaturas. É cedo, sobretudo, pelo fato de uma campanha não ser construída em cima apenas de um meio, mas ser caracterizada pela convergência midiática (daí o aspecto central assumido pelas mídias tradicionais massivas). Por isso, a pesquisa de intenções de votos não basta para confirmar se determinado político conseguiu emplacar ou não. O Jornal A Tarde, no especial “Eleições 2010” fez um levantamento que relacionava a popularidade dos presidenciáveis nas redes sociais on line ao número de intenções de votos obtidos nas pesquisas (veja infográfico nesta matéria). Os dados, muitas vezes contraditórios, apontam para uma disparidade entre popularidade na rede e número de intenções de voto: a candidata Dilma Rousseff, por exemplo, é uma das que tem menos seguidores no Twitter e no Orkut, mas mesmo assim lidera o número de intenções de votos desde a largada para a campanha eleitoral.

Fato é que a campanha on line diminuiu a distância entre os candidatos e a sociedade de uma maneira nunca antes vista. Entretanto, há quem questione o avanço no quesito conteúdo, afinal o que se viu foi a transposição de conteúdos veiculados na mídia massaiva para as plataformas digitais. A convergência midiática, no entanto, vai de encontro a esta fórmula fácil e visa à produção de conteúdos distintos para as diferentes mídias, afinal o público e suas respectivas demandas variam de meio para meio. Como McLuhan já dizia, “o meio é a mensagem”. Neste blog, já demos um exemplo (veja aqui) como uma ferramenta como o YouTube pode ser usada em seus fins específicos, e não como simples repositório de comerciais feitos para a TV.
 
Com informações do A Tarde On Line