quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O recado de Lula

Com poucas visualizações, há, no YouTube, um vídeo do presidente Lula mandando um recado para os internautas que têm ajudado a constituir a democracia eletrônica. Em 1:34, o presidente ressalta o valor histórico desse momento na democracia brasileira, em que cada internauta tem o poder de formar opinião nas mãos, mesmo tendo poucas horas para interagir nas redes sociais - por isso o grande número de pessoas conectadas durante as noites e madrugadas. E mesmo que esse recado de Lula seja um anúncio publicitário e tenha motivações claras, consegue explicitar um pano de fundo mais complexo que envolve mudanças nos hábitos de consumo, melhoria nas condições sócio-técnicas, maior acessibilidade a informações diversas, uma vez que não ouvimos somente a mídia massiva, etc.

  O vídeo também é uma prova de como o marketing político digital deve assumir suas peculiaridades, ainda que elas não estejam muito bem delineadas: o YouTube não é um serviço para que todos os filmes do horário eleitoral transmitido pelas TVs e rádios sejam hospedados, mas é um site que possibilita aos seus usuários apropriações específicas, as quais, quando bem utilizadas, até  podem atuar de maneira mais intensa que nas mídias massivas.

Confira o vídeo abaixo:


terça-feira, 24 de agosto de 2010

A famosa campanha de Barack Obama


Em 2008, o mundo parou para acompanhar de perto a eleição presidencial que ocorria nos Estados Unidos. Pode-se dizer que isso se deu basicamente por dois motivos: 1. a relevância política e econômica de um país no qual o presidente eleito poderia mudar o futuro de várias nações; 2. o grande alcance do marketing político do presidente Barack Obama através da utilização da Internet e, mais especificamente, das redes sociais.

Definitivamente, a campanha do atual presidente dos EUA modificou o modo de se ver e fazer política. Nas eleições dos anos anteriores, já podia-se notar um tímido uso da Internet como mais uma possibilidade de divulgação das propostas dos candidatos. Porém, Obama não se restringiu a isso. Além de mostrar ao mundo as suas principais ações, ele também estabeleceu uma rede de comunicação direta com os eleitores, principalmente com o público jovem-adulto. Através da criação de sua própria rede social, o MyBarackObama e de contas no Facebook, Linkedin, Digg, Eventful, Myspace, Youtube, Flickr, e Twitter, Barack divulgou suas propostas, esclareceu dúvidas e, acima de tudo, conquistou milhares de eleitores.


No seu site oficial, também havia espaços para notícias, conteúdos personalizados por estado, loja virtual, comunidades, fotos, wallpapers, músicas, conteúdo para celular, espaço para debates online, entre outros. O eleitor que se cadastrasse no site recebia constantemente e-mails, convites, solicitação de ajuda financeira, vídeos, material de campanha, relatos da campanha e atividades da equipe de Barack Obama. Por fim, a equipe de profissionais especializados também criou um aplicativo para o Iphone, em que o usuário era atualizado por notícias, propostas, agenda do candidato, entre outros.


Diante de tantas ações, o resultado não poderia ser outro: além de conquistar a presidência dos EUA, Obama, através da sua campanha, arrecadou meio bilhão de doláres em doações online; recebeu mais de 1 bilhão de e-mails; 1 milhão de pessoas se tornaram assinantes do sistema de envio de mensagens pelo celular; 200 mil eventos foram planejados; 400 mil posts escritos; mais de 35 mil grupos foram criados por meio da rede MyBarackObama; mais de 120 mil pessoas passaram a segui-lo no Twitter; 2.3 milhões de pessoas participaram do grupo no Facebook e seus vídeos no Youtube completaram mais de 11 milhões de views. Segundo Carlos Merigo, a campanha de Obama "(...) reescreveu as regras de como atingir os eleitores, arrecadar dinheiro, organizar voluntários, monitorar e moldar a opinião pública, além de lidar com ataques políticos, muito deles feitos por blogs que nem existiam há quatro anos atrás".

Baseado nesse resultado que as campanhas eleitorais do Brasil estão ganhando novos rumos. Além de sites e blogs, os candidatos passaram a fazer parte de diversas redes sociais, nas quais divulgam suas propostas e tentam realizar uma espécie de "aproximação" com seus futuros eleitores. Diante disso, pode-se notar que o Marketing Político digital tornou-se um mecanismo extremamente interessante para os candidatos, não só pelo seu baixo custo, mas, principalmente, pelo seu grande alcance.

Fontes:



quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Resenha da aula do dia 19 de agosto

Notícias do dia

  No início da aula, foram destacadas três notícias que relacionavam-se com a matéria Comunicação e Tecnologia. Foram elas:

a) No Brasil, 96% dos internautas acessam vídeos pela web
  A matéria foi publicada ontem, dia 17 de agosto, no Correio* Online. De um modo geral, a reportagem divulga os dados de uma pesquisa, realizada durante o Congresso de Comunicação e Marketing Digital Age 2.0,  a respeito do consumo de vídeos na Internet pelos brasileiros. Dentre eles pode-se citar que:
  • A maioria dos vídeos assistidos pelos jovens são de curta duração;
  • O horário de maior acesso à mídia é entre 20h e 1h;
  • Segundo a pesquisa, os homens buscam mais vídeos com conteúdo esportivo e as mulheres, conteúdo de culinária.
  A partir disso, a discussão começou a delinear o pano de fundo contido matéria: atualmente constrói-se uma complexidade em torno do consumo do audiovisual. A convergência entre televisão e Internet é prova disso. Ambos os meios passaram a relacionar-se diretamente, por exemplo, quando o Twitter faz referências e é agendado pela programação televisiva; quando os programas televisivos mostram os vídeos mais vistos no Youtube ou quando programas televisivos são disponibilizados integralmente nos sites das emissoras. Expressão máxima dessa convergência midiática é a iniciativa anunciada recentemente pelo Google: o lançamento da Google TV.


b) “A web morreu, vida longa à Internet”
  O texto “A web morreu, vida longa à Internet” ( The web dead, long live the Internet), de Chris Anderson,  prevê que, com o passar do tempo, as pessoas passarão a utilizar mais os aplicativos do que os sites. Veja mais sobre o texto aqui. Chris Anderson também escreveu “A Cauda Longa” (The long tail), obra que mostra as transformações ocorridas durante a transição do mercado de massa para o mercado de nicho, o qual cresce de forma surpreendente com a Internet.

c) Mudanças nas redes sociais:
  Twitter e Orkut incorporam novos itens e aplicativos, aproximando-se, cada vez mais, do Facebook.

  Com gancho na última notícia comentada em sala, o primeiro assunto desta aula foram as redes sociais. Antes chamadas “comunidades virtuais, as redes sociais, funcionavam de forma específica e diferente da atual. Pessoas anônimas ou com pseudônimos discutiam temas definidos em uma espécie de chat. Cada um valia, então, por aquilo que dizia e comentava. Aqui, lembramos do texto de Flusser, no livro “O mundo codificado”,  que mostra como a desmaterialização se materializa em outro lugar, no caso, as relações sociais que estavam atreladas durante muito tempo ao território geográfico e que assumem novos contornos no ciberespaço.
  Com o decorrer do tempo, os antigos servidores do Usenet foram substituídos por empresas que hoje investem em comunidades individualizadas, nas quais as pessoas produzem vídeos, textos, fotos, músicas etc e disponibilizam para seus amigos e é dessa forma que podemos afirmar que a maioria das  relações sociais passam a ser norteadas pela rede.
  A discussão acerca dessas novas redes sociais, suscitou questionamentos acerca da privacidade do usuário. Ao assinar um termo de compromisso, o usuário deixa todo o conteúdo publicado à disposição das empresas. Evidentemente que há um acordo ético-moral que proíbe o uso indiscriminado dessas informações pelas empresa, mas já é uma realidade os softwares que rastreiam palavras-chave de interesse da publicidade. André Lemos cita as denúncias feitas à empresa Facebook que tem sido alvo de críticas por falhas e excessos cometidos nessa política de privacidade.
  Outro tema discutido foi a privacidade na rede. Apesar da exposição crescente que as pessoas fazem de si mesmas na  Internet, elas continuam expondo somente aquilo que lhes parece ser mais interessante e conveniente a fim de que consigam estabelecer vínculos sociais. A intersubjetividade é o fundamento de todo ato comunicativo,  por isso a preocupação em como se apresentar nesse espaço e em como se construir uma imagem em relação ao outro. Comunicar significa, então, entrar na orquestra. A privacidade, ao contrário do que muitos pensam, é negociada. Por isso, há uma diferença substancial entre o que é voluntariamente dito na Internet e aquilo que é vendido a outras empresas sem que o usuário saiba.

Discussão do texto "O inexistente impacto da tecnologia" de Pierre Lévy

  O texto de Pierre Lévy é um alerta contra a visão sócio-determinista e técnico-deterministas explicitadas, por exemplo, pela carta de Unabomber publicada no jornal Folha de São Paulo em 1996. Em “O inexistente impacto da tecnologia”, Lévy considera que a técnica está indissociavelmente atrelada ao ser humano e a tecnologia nada mais é que o fruto das ações deste. O ser humano é o único ser capaz de produzir artefatos simbólicos e técnicos para moldar o ambiente e permitir a sua sobrevivência. Por isso, diferentemente dos outros animais, o homem pode criar instâncias que dominam o espaço e o tempo; tudo isso é possível devido à sua potência comunicativa e ao fato de ele lidar com códigos (fundamento de todo ato comunicacional).
  O deslocamento gerador de toda a problemática envolvendo o “impacto” da tecnologia é o princípio norteador do pensamento ocidental: distinção entre sujeito e objeto. Na verdade, não há essa separação entre ambos, afinal nós somos seres híbridos. Devido a este pensamento moderno, estabelecemos uma relação por vezes contraditória com os artefatos e as mídias, em especial e a nossa postura costuma oscilar entre o espanto e o fascínio.
  Uma das características que mais exercem fascínio na Internet é a possibilidade única e inédita que ela oferece de de explorar a cauda longa, ou seja, o mercado de nichos que é desprezado pelos meios de comunicação de massa. André Lemos, dá a referência do seu texto “Cibercultura Trash” que explica essa nova configuração do consumo cultural. E se a idéia da Escola de Frankfurt era considerar “lixo” todo produto da indústria cultural massiva, a cibercultura reconfigura uma nova lógica ao disponibilizar tanto os “mais vendidos” quanto o que está na cauda longa do consumo. No entanto, alguns frankfurtinianos não consideram que haja essa reconfiguração e continuam a crer que a Internet segue a mesma lógica da TV e seus “hits”. 
  E se você já está com pressa de terminar de ler esse post, saia da frente do computador e vá ler os textos de Flusser, afinal temos de achar a medida exata entre o clique generalizado e a contemplação.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Um pouco sobre o Marketing Político Digital

As novas tecnologias digitais têm trazido algumas mudanças nas várias esferas da vida social contemporânea. Por isso, não é de se estranhar que o modo de se fazer e ver política também tenha sofrido alterações ao longo do tempo. Na sociedade contemporânea, caracterizada sobretudo pelos espaços urbanos e industriais, os partidos políticos necessitam dos diferentes veículos midiáticos para disseminar propostas, alcançar eleitores e gerenciar a imagem diante destes.


Com a popularização da internet, este cenário é reconfigurado, uma vez que se abre um canal efetivo de comunicação mais direta entre políticos e cidadãos. Nos últimos anos, temos visto grande parte dos políticos brasileiros criarem perfis no Orkut, no Facebook e no Twitter, além de manterem blogs pessoais e enviarem newsletters periodicamente para uma lista de pessoas através de emails cadastrados (e-mail marketing), seguindo a tendência do correio eletrônico institucional, no qual todos os parlamentares têm para acessibilidade mais direta ao cidadão. Essa migração para os meios digitais, com destaque para a Internet, reflete a confiança dos usuários na potencialidade deste novo setor devido ao caráter de pessoalidade que a rede muitas vezes consegue proporcionar.

O ano 2010 traz novas expectativas em relação à inserção da política no mundo digital, uma vez que foi liberada e regulamentada a utilização da internet para o uso de propaganda eleitoral - decisão que segue uma tendência mundial explicitada na experiência pioneira e bem sucedida da corrida presidencial estadunidense de 2008, quando o marketing digital, através de hotsites e principalmente das redes sociais, foi peça chave para a eleição de Barack Obama. O marketing político digital no Brasil, mesmo que incipiente, tem crescido constantemente e ganhado bastante importância nas campanhas eleitorais e nas estratégias de publicidade dos partidos. São justamente essas mudanças e as novidades relacionadas a elas que traremos para você no mktpoliticodigital. Boa leitura!