quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Resenha da aula do dia 19 de agosto

Notícias do dia

  No início da aula, foram destacadas três notícias que relacionavam-se com a matéria Comunicação e Tecnologia. Foram elas:

a) No Brasil, 96% dos internautas acessam vídeos pela web
  A matéria foi publicada ontem, dia 17 de agosto, no Correio* Online. De um modo geral, a reportagem divulga os dados de uma pesquisa, realizada durante o Congresso de Comunicação e Marketing Digital Age 2.0,  a respeito do consumo de vídeos na Internet pelos brasileiros. Dentre eles pode-se citar que:
  • A maioria dos vídeos assistidos pelos jovens são de curta duração;
  • O horário de maior acesso à mídia é entre 20h e 1h;
  • Segundo a pesquisa, os homens buscam mais vídeos com conteúdo esportivo e as mulheres, conteúdo de culinária.
  A partir disso, a discussão começou a delinear o pano de fundo contido matéria: atualmente constrói-se uma complexidade em torno do consumo do audiovisual. A convergência entre televisão e Internet é prova disso. Ambos os meios passaram a relacionar-se diretamente, por exemplo, quando o Twitter faz referências e é agendado pela programação televisiva; quando os programas televisivos mostram os vídeos mais vistos no Youtube ou quando programas televisivos são disponibilizados integralmente nos sites das emissoras. Expressão máxima dessa convergência midiática é a iniciativa anunciada recentemente pelo Google: o lançamento da Google TV.


b) “A web morreu, vida longa à Internet”
  O texto “A web morreu, vida longa à Internet” ( The web dead, long live the Internet), de Chris Anderson,  prevê que, com o passar do tempo, as pessoas passarão a utilizar mais os aplicativos do que os sites. Veja mais sobre o texto aqui. Chris Anderson também escreveu “A Cauda Longa” (The long tail), obra que mostra as transformações ocorridas durante a transição do mercado de massa para o mercado de nicho, o qual cresce de forma surpreendente com a Internet.

c) Mudanças nas redes sociais:
  Twitter e Orkut incorporam novos itens e aplicativos, aproximando-se, cada vez mais, do Facebook.

  Com gancho na última notícia comentada em sala, o primeiro assunto desta aula foram as redes sociais. Antes chamadas “comunidades virtuais, as redes sociais, funcionavam de forma específica e diferente da atual. Pessoas anônimas ou com pseudônimos discutiam temas definidos em uma espécie de chat. Cada um valia, então, por aquilo que dizia e comentava. Aqui, lembramos do texto de Flusser, no livro “O mundo codificado”,  que mostra como a desmaterialização se materializa em outro lugar, no caso, as relações sociais que estavam atreladas durante muito tempo ao território geográfico e que assumem novos contornos no ciberespaço.
  Com o decorrer do tempo, os antigos servidores do Usenet foram substituídos por empresas que hoje investem em comunidades individualizadas, nas quais as pessoas produzem vídeos, textos, fotos, músicas etc e disponibilizam para seus amigos e é dessa forma que podemos afirmar que a maioria das  relações sociais passam a ser norteadas pela rede.
  A discussão acerca dessas novas redes sociais, suscitou questionamentos acerca da privacidade do usuário. Ao assinar um termo de compromisso, o usuário deixa todo o conteúdo publicado à disposição das empresas. Evidentemente que há um acordo ético-moral que proíbe o uso indiscriminado dessas informações pelas empresa, mas já é uma realidade os softwares que rastreiam palavras-chave de interesse da publicidade. André Lemos cita as denúncias feitas à empresa Facebook que tem sido alvo de críticas por falhas e excessos cometidos nessa política de privacidade.
  Outro tema discutido foi a privacidade na rede. Apesar da exposição crescente que as pessoas fazem de si mesmas na  Internet, elas continuam expondo somente aquilo que lhes parece ser mais interessante e conveniente a fim de que consigam estabelecer vínculos sociais. A intersubjetividade é o fundamento de todo ato comunicativo,  por isso a preocupação em como se apresentar nesse espaço e em como se construir uma imagem em relação ao outro. Comunicar significa, então, entrar na orquestra. A privacidade, ao contrário do que muitos pensam, é negociada. Por isso, há uma diferença substancial entre o que é voluntariamente dito na Internet e aquilo que é vendido a outras empresas sem que o usuário saiba.

Discussão do texto "O inexistente impacto da tecnologia" de Pierre Lévy

  O texto de Pierre Lévy é um alerta contra a visão sócio-determinista e técnico-deterministas explicitadas, por exemplo, pela carta de Unabomber publicada no jornal Folha de São Paulo em 1996. Em “O inexistente impacto da tecnologia”, Lévy considera que a técnica está indissociavelmente atrelada ao ser humano e a tecnologia nada mais é que o fruto das ações deste. O ser humano é o único ser capaz de produzir artefatos simbólicos e técnicos para moldar o ambiente e permitir a sua sobrevivência. Por isso, diferentemente dos outros animais, o homem pode criar instâncias que dominam o espaço e o tempo; tudo isso é possível devido à sua potência comunicativa e ao fato de ele lidar com códigos (fundamento de todo ato comunicacional).
  O deslocamento gerador de toda a problemática envolvendo o “impacto” da tecnologia é o princípio norteador do pensamento ocidental: distinção entre sujeito e objeto. Na verdade, não há essa separação entre ambos, afinal nós somos seres híbridos. Devido a este pensamento moderno, estabelecemos uma relação por vezes contraditória com os artefatos e as mídias, em especial e a nossa postura costuma oscilar entre o espanto e o fascínio.
  Uma das características que mais exercem fascínio na Internet é a possibilidade única e inédita que ela oferece de de explorar a cauda longa, ou seja, o mercado de nichos que é desprezado pelos meios de comunicação de massa. André Lemos, dá a referência do seu texto “Cibercultura Trash” que explica essa nova configuração do consumo cultural. E se a idéia da Escola de Frankfurt era considerar “lixo” todo produto da indústria cultural massiva, a cibercultura reconfigura uma nova lógica ao disponibilizar tanto os “mais vendidos” quanto o que está na cauda longa do consumo. No entanto, alguns frankfurtinianos não consideram que haja essa reconfiguração e continuam a crer que a Internet segue a mesma lógica da TV e seus “hits”. 
  E se você já está com pressa de terminar de ler esse post, saia da frente do computador e vá ler os textos de Flusser, afinal temos de achar a medida exata entre o clique generalizado e a contemplação.

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